O Dia de São Valentim, celebrado em várias regiões do mundo como um momento de exaltação do amor e do romantismo, é uma data bastante aguardada por casais e namorados afoitos por realizar os fetiches mais inusitados. Mas, você já se perguntou como surgiu essa tradição? Envolta em mistérios e lendas, a origem do Dia de São Valentim contém desde festas pagãs até martírios.
Lupercalia - A Celebração da Fertilidade
Na Roma Antiga (753 a.C. — 476 d.C.), a Lupercalia (ou Februa ou Februatus) era um grande festival em homenagem a Pan e Juno, deuses pagãos do amor, casamento e fertilidade, sendo realizado entre os dias 13 e 15 do mês de fevereiro. Historiadores afirmam que ela tinha conexão com a purificação, a saúde, a fertilidade, mas não cultuava o amor. Acredita-se também que, durante a celebração da Lupercalia, meninos e meninas tiravam nomes de uma jarra a fim de formar casais. Ao longo dos anos, alguns historiadores tentaram sem sucesso associar detalhes da Lupercalia com o Dia de São Valentim, principalmente por causa da poesia de Chaucer (1343 — 1400) “Parlamento de Foules”. Confiram um trecho desta poesia (versão moderna):
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Pois isso foi no Dia de São Valentim
Quando todos os pássaros vêm lá para escolher seu par
De todos os tipos que os homens podem imaginar
E que barulho tão grande eles começaram a fazer
Aquela terra e ar e árvores e cada lago
Estavam tão cheios, que não havia espaço fácil
Para eu ficar de pé — tão cheio estava todo o lugar.
O martírio dos Valentim
Historicamente, vários mártires cristãos primitivos foram chamados de Valentim, contudo apenas três deles se tornaram “famosos” e tiveram sua vida atrelada à celebração do amor do Dia de São Valentim. São eles o padre Valentim de Roma, o bispo Valentim de Terni e o misterioso cristão Valentim. A seguir relatos de acordo com a Enciclopédia Católica e trechos de lendas relacionadas.
Valentim de Roma (226 — 269) foi um padre que, descumprindo a ordem do Imperador romano Cláudio II que proibia os soldados romanos de se casarem pois “homens casados não eram bons soldados”, passou a realizar casamentos cristãos clandestinos para soldados. Ele usava um anel de ametista roxa, normalmente usado nas mãos de bispos cristãos com uma imagem de Cupido gravada nele, um símbolo reconhecível associado ao amor que era legal sob o Império Romano. Outro fato narrado é que ele distribuía aos soldados e cristãos perseguidos corações de pergaminho para lembrá-los de seus votos e do amor de Deus. Valentim de Roma foi martirizado durante perseguição pessoal pelo Imperador Cláudio II no dia 14 de fevereiro do ano de 269, sendo enterrado na Via Flamínia. Acredita-se também que, no período que antecedeu sua execução, Valentim de Roma teria realizado um milagre ao curar Júlia, a filha cega de seu carcereiro Asterius, para a qual ele ainda teria enviado a primeira carta de “namorados”, quando assinou como “Your Valentine”.
Valentim de Terni (? — 273) foi um bispo de Interamna (atual Terni/Itália Central) tido como o fundador dessa cidade italiana, reconhecido como um extraordinário conselheiro e que tinha o hobby de cultivar rosas no jardim ao lado de sua igreja. Aos poucos, Valentim de Terni foi ganhando fama por conseguir reconciliar inúmeros casais de namorados e levá-los ao casamento, criando o hábito de entregar para eles uma de suas rosas como sinal da união. Ele também tinha o dom da cura e isso o levou a converter ao cristianismo um renomado filósofo grego de nome Crato e três de seus discípulos, o que acabou desagradando o Império Romano. Valentim de Terni foi martirizado durante perseguição pelo Imperador Aureliano no dia 14 de fevereiro do ano de 273, sendo enterrado na Via Flamínia, mas num local diferente de Valentim de Roma. Confiram um trecho de seus ensinamentos:
As rosas são lindas, perfumadas, delicadas, mas tem espinhos. E elas não vivem sem espinhos. Assim também são as diferenças entre o casal. É preciso conhecê-las, respeitá-las e tratá-las com delicadeza para que nenhum dos cônjuges seja ferido. Agindo assim, serão felizes e as brigas desaparecerão
Valentim (? — ?), a terceira e última pessoa mencionada, trata-se de um cristão que foi perseguido e martirizado na África num dia 14 de fevereiro, ao lado de outros companheiros. Porém, a Enciclopédia Católica não revela demais detalhes sobre a vida e as ações que levaram à morte deste Valentim.
Os Símbolos do Dia de São Valentim
O Dia de São Valentim, que também é chamado de Dia de Valentim ou Festa de São Valentim, é celebrado de diferentes maneiras nos diferentes regiões que o adotam, como por exemplo as tradições, que podem exigir desde uma simples troca de presentes (EUA) até sete noites de "fulia" (China), ou a data da celebração, que vai de 25 de janeiro (País de Gales), 14 de fevereiro (EUA), 12 de junho (Brasil) até meados de setembro (Colômbia). Vale salientar que aqui no Brasil, a data é chamada de Dia dos Namorados. Nestas diferentes culturas, encontram-se variados símbolos que precisam estar presentes no ambiente festivo. Confira alguns deles.
- Rosas: figurando como uma das flores mais populares do mundo, a rosa simboliza paz, amizade, amor e romance. Ela também faz uma referência direta ao mártir Valentim de Terni;
- Coração: símbolo universal que representa o amor, a representação artística do coração também faz uma referência direta ao mártir Valentim de Roma;
- Cartinhas: outro símbolo clássico do romance genuíno é o uso de bilhetes ou cartas para a declaração de sentimentos ou promessas ao par, valorizando o amor a dois, muito, provavelmente, devido à associação com o mártir Valentim de Roma;
- Ametista: talvez devido à associação com o mártir Valentim de Roma, a ametista se tornou a pedra do nascimento de fevereiro, que se acredita atrair o amor. Contudo, além da ametista, espiritualistas também indicam outros cristais, como o topázio rosa, a aventurina verde, o quartzo rosa e o rubi, como fonte de atração e manutenção do amor entre o casal;
- Cupido: como filho de Vênus (a deusa do amor e da beleza) e de Marte (o deus da guerra), ele é chamado de Deus do Amor. Equivalente na mitologia romana ao deus grego Eros, o Cupido sempre aparece com um arco e flecha nas mãos e, segundo a lenda, quem for atingido por uma dessas suas setas ficará perdidamente apaixonado pela primeira pessoas que avistar;
- Mãos: quando entrelaçadas, as mãos indicam o romance e o comprometimento entre os envolvidos. Por essa razão, elas se tornaram uma das principais decorações desta data;
- Pombas: símbolo universal da pureza, amor e lealdade. Acredita-se que esses pássaros têm um amor para a vida toda, motivo pelo qual costuma-se chamar aqueles casais, verdadeiramente, apaixonados de "pombinhos";
- Guloseimas afrodisíacas: Ao longo da história, comida e sexualidade têm sido associadas de várias maneiras. E nesse sentido, figuram os afrodisíacos para apimentar as coisas nesta data especial;
- Rendas e Lingeries: o uso de lenços ou lingeries por uma mulher busca transmitir uma ideia de interesse e de desejo, motivo pelo qual a renda ficou associada ao romance e passou a integrar a indumentária feminina nesta data;
- Laços: no misticismo, o laço é um símbolo de união, conexão e vínculo entre os seres humanos e destes com o divino. Quando representado na forma de arcos entrelaçados, o laço também representaram o amor eterno do casal;
- Cadeados do amor: uma lenda diz que dois cadeados devem ser amarrados e pendurados numa ponte com os nomes ou iniciais do casal, simbolizando a união eterna da dupla. Em seguida, as chaves desses cadeados devem ser lançadas na água como forma de representar a renúncia de outras opções e a dedicação exclusiva ao amor escolhido. Figurando como um símbolo contemporâneo, provavelmente nascido na Itália, variantes dessa lenda diz que os cadeados devem ser pendurados em árvores, postes de luz ou fontes do amor;
Então curtam e aproveitem bastante esse Dia de São Valentim. Se já encontraram seu par, valorize a pessoa que aceitou estar ao seu lado. Mas, se ainda estiver à procura, espere vivendo e faça por merecer que ela há de te enxergar. Deixe sua crítica, contribuição ou resposta no campo de comentários abaixo. E até a próxima.
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